quinta-feira, 23 de dezembro de 2010



Lula elogia próprios feitos, critica governos
anteriores e diz confiar em futuro com Dilma

Presidente fez último pronunciamento oficial; ele deixa o governo em uma semana
Em um discurso emocionado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta quinta-feira (23) seu último pronunciamento à nação repleto de autoelogios e críticas a governos anteriores. Dizendo-se confiante no futuro do Brasil e na administração da presidente eleita Dilma Rousseff, Lula fez uma fala repleta de simbolismos na qual ressaltou conquistas sociais e econômicas de sua gestão, e voltou a afirmar que o desenvolvimento passa, obrigatoriamente, por uma atenção especial do governo aos mais pobres.
Em cerca de dez minutos de discurso transmitido em rede nacional de rádio e TV, o presidente, que se despede do cargo no próximo sábado, exaltou os programas sociais, a transferência de renda, o crescimento econômico, as grandes obras de infraestrutura e a descoberta das reservas de petróleo do pré-sal. De acordo com Lula, o país “tem um encontro marcado com o sucesso” e nada pode deter “a marcha inexorável do Brasil para a vitória”, baseada na força que “está na alma e na energia popular” dos brasileiros.

- O Brasil venceu o desafio de crescer econômica e socialmente e provou que a melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza. Construímos, juntos, um projeto de nação baseado no desenvolvimento com inclusão social, na democracia com liberdade plena e na inserção soberana do Brasil no mundo.
Em um trecho da fala, o presidente comparou a gestão do país à de uma família, e disse que esse foi o segredo para um bom governo, ao se sentir sempre “um chefe de família, que sabia das dificuldades dos seus irmãos para colocar comida na mesa, para dar escola para seus filhos”. Neste momento, Lula aproveitou para alfinetar os governos anteriores.

- Se governamos bem, foi, principalmente, porque conseguimos nos livrar da maldição elitista que fazia com que os dirigentes políticos deste grande país governassem apenas para um terço da população e se esquecessem da maioria do seu povo, que parecia condenada à miséria e ao abandono eternos.

Social

Lula voltou a exaltar, como fez ao longo da maioria dos discursos dos últimos anos, a importância dos programas sociais de transferência de renda e assistência. Ele destacou que o Bolsa Família atende 13 milhões de famílias e “é aplaudido e imitado mundo afora”. Citou, ainda, os programas Luz Para Todos, Minha Casa, Minha Vida e investimentos nas áreas de educação e saúde.

- Promovemos a maior ascensão social de todos os tempos, retirando 28 milhões de pessoas da linha da pobreza e fazendo com que 36 milhões entrassem na classe média.

Economia

Fazendo, mais uma vez, comparações com governos anteriores, o presidente destacou que o Brasil tem hoje US$ 300 bilhões em reservas internacionais – “dez vezes mais do que tínhamos no início do governo” -, que a taxa média de crescimento “dobrou” e que o seu governo “gerou 15 milhões de empregos”. Ele citou ainda o fato de o Brasil ter passado de devedor a credor do FMI (Fundo Monetário Internacional).

O presidente também citou grandes obras de infra-estrutura como as usinas de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio, as ferrovias Norte-Sul, Transnordestina e Oeste-Leste e o trem de alta velocidade, que, ainda em fase de licitação, pretende ligar São Paulo ao Rio. Aproveitou ainda para falar do pré-sal, “riqueza que será obrigatoriamente aplicada combate à pobreza, na saúde, na educação, na cultura, na ciência e tecnologia e na defesa do meio ambiente”.

Futuro e Dilma

Para Lula, a continuidade das conquistas de seus oito anos de governo está garantida graças à confiança que ele deposita em Dilma, sucessora que ajudou a eleger. Citou ainda “as riquezas do Brasil” e a “força do seu povo”.

- A minha maior felicidade é saber que vamos ampliar todas estas conquistas Minha fé se alicerça em três fundamentos: as riquezas do Brasil, a força do seu povo e a competência da presidenta Dilma. Ela conhece, como ninguém, o que foi feito e como fazer mais e melhor. Tenho certeza de que Dilma será uma presidenta à altura deste novo Brasil, que respeita seu povo e é respeitado pelo mundo.

Pediu apoio à presidente eleita, mas também que a população cobre dela, “na hora certa, como souberam me cobrar”. Esse foi, aliás, o único momento em todo o discurso que o presidente fez qualquer menção, mesmo que bem distante, às dificuldades que enfrentou no governo. 

A crise do mensalão, em 2005, a queda de Antonio Palocci durante o escândalo da quebra de sigilo do caseiro Francenildo Costa, em 2006, a defesa incansável de José Sarney enquanto o presidente do Senado enfrentava inúmeras denúncias de corrupção, em 2009, passaram longe do discurso de Lula. Na mensagem em que se despede do Planalto e deseja boas festas aos brasileiros, Lula falou apenas de coisas que contam pontos para ele.

Sobre seu futuro, entretanto, evitou dar detalhes, e ainda foi além: não quer perguntas. Disse apenas que voltará às ruas, sem falar em uma possível volta como candidato à Presidência em 2014.

- Saio do governo para viver a vida das ruas. Homem do povo que sempre fui, serei mais povo do que nunca, sem renegar o meu destino e jamais fugir à luta. Não me perguntem sobre o meu futuro, porque vocês já me deram um grande presente. Perguntem, sim, pelo futuro do Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário